O que é o Atlas?

Podemos definir este Atlas como “um conjunto de mapas climáticos digitais da temperatura média do ar (mínimas, médias e máximas), precipitação e radiação solar”. Com estes mapas podemos saber, para cada 200m de todo o território da Península Ibérica, qual é a média das temperaturas máximas, a precipitação ou qualquer das variáveis anteriormente mencionadas desde um ponto de vista climático, isto é, o valor baseado na média de todos os anos dos quais existam dados. Aliás, estes valores podem ser consultados para o total anal (média no caso das temperaturas e radiação solar ou acumulada para o caso da precipitação) ou mesmo para qualquer mês em concreto.

Como características principais podemos destacar:

- Abrangência: 65 mapas climáticos digitais de temperatura média do ar (mínima, média e máxima), precipitação e radiação solar.

- Dados originais de qualidade: Utilização de 2285 estações meteorológicas com 15-50 anos de dados: período 1951-19999 e um Modelo Digital de Elevações de 200m.

- Resolução detalhada (especialmente se considerarmos as dimensões da Península): Resolução espacial de 200m e resolução temporal mensal e anual

- Integração de técnicas: Estes mapas foram gerados usando técnicas estatísticas (regressão múltipla com correcção de erros), Sistemas de Informação Geográfica (SIG ou GIS) e interpolação espacial a partir de dados das estações meteorológicas.

- Objectividade: Qualidade (nível de erro conhecido) numérica calculada e documentada para cada mapa. O nível de erro e a sua distribuição espacial são aspectos muito importantes, tanto para avaliar a cartografia, como para avaliar os modelos que se geram a partir desta.

- Interoperacionalidade: O formato SIG permite que estes mapas se possam cruzar com outras informações.

- Acessibilidade: Consultável e descarregável em formato SIG na Internet de forma gratuita (ver tópico de Cartografia obtida).

Porque se fez o Atlas?

É bastante conhecido que a Península Ibérica apresenta características climáticas e biogeográficas tão interessantes como complexas. Mais, existe um interesse evidente na climatologia por parte das ciências geográficas e das ciências da vida (hidrologia, ecologia, biogeografia, etc.), como também da parte dos gestores do meio ambiente (conservação, obras públicas, protecção civil, etc.). Além do interesse, os únicos dados com séries suficientemente longas são os das estações meteorológicas. Ora, estas estações representam dados pontuais irregularmente distribuídos no espaço e, consequentemente, surgem algumas questões: Como produzir mapas climáticos? Como produzir informação para onde não disponho de dados? Resumidamente, como interpolar?
As primeiras aproximações faziam uso da experiência e da intuição para desenhar os mapas mas…

- Ninguém pode ter centenas de estações e situações (elevação, continentalidade, etc.).
- Falta de objectividade da cartografia resultante.
- Os métodos clássicos não davam informação da qualidade do mapa (importante para a modelação).
- Os mapas não ofereciam uma correcta variação contínua sobre o terreno.
- Não incluiam dados complexos como a radiação solar

As possibilidades oferecidas pelos avanços tecnológicos (computadores) e científicos (SIG), especialmente durante a última década permitem que actualmente produzir cartografia baseada em métodos numéricos.

 

Quem produziu o Atlas?

O Atlas iniciou-se durante o ano de 2000 como uma iniciativa do Departamento de Biologia Animal, Biologia Vegetal e Ecológica (Unidade de Botânica) e do Departamento de Geografia da Universidade Autónoma de Barcelona. Desenvolveu-se um projecto de investigação que visava o aprofundar de conhecimentos em aspectos relacionados com a interpolação espacial de dados discretos no espaço (estações meteorológicas), numa primeira fase, orientada para o relacionamento de dados climáticos e de vegetação para obter mapas de idoneidade das espécies vegetais, mas mais tarde, dedicada intensamente a aspectos climáticos.

Como foi produzido o Atlas?

Este Atlas foi realizado mediante uma combinação de técnicas: análises estatísticas, interpolação espacial e Sistemas de Informação Geográfica.

Como dados de partida utilizaram-se 3528 estações meteorológicas com medições termométricas e 7293 estações com medições pluviométricas. Estas estações foram filtradas com o seguinte objectivo: obter um compromisso entre a amplitude das séries (estabilidade temporal) e a densidade (cobertura espacial). Finalmente e, com as garantias dos testes estatísticos, trabalhámos com séries de 15 ou mais anos para o caso das temperaturas e de 20 ou mais anos para o caso das precipitações. Uma vez realizado o processo de filtragem, as estações utilizadas na elaboração dos mapas foram: 286 estações meteorológicas termométricas, 1217 estações pluviométricas e 782 estações pluviotermométricas.

Além das estações utilizámos o Modelo Digital de Elevações (MDE) da Península Ibérica com uma resolução espacial de 200m. A partir do MDE derivámos distintas variáveis que já havíamos utilizado na análise estatística, para prever os valores climáticos médios de temperatura e precipitação: altitude, latitude, continentalidade, radiação solar e curvatura do terreno.

Esta informação foi totalmente implementada num SIG (MiraMon) o que nos permitiu:

  • Interpolação objectiva considerando informação geográfica
  • Repetições (novos dados, diferentes modelos)
  • Difusão (Servidor WMS baseado em standards OGC): consultas básicas mas com incorporação para análises mais complexas
  • Impressão de cartografia de qualidade
  • Integração noutros sistemas
  • Processo de elaboração:

    - Filtragem das estações meteorológicas
    - Modelação das variáveis geográficas
    - Enrequecimento das bases de dados
    - Álgebra de mapas
    - Testes de avaliação da qualidade dos mapas

O tópico, deste relatório, referente à metodologia reflecte os principais aspectos técnicos que se consideraram para a elaboração do Atlas. Aqui pode-se descarregar em formato PDF o "Atlas Climático Digital de la Península Ibérica. Metodología y aplicaciones en bioclimatología y geobotánica".

Para uma informação mais detalhada das questões científicas e técnicas relacionadas com e elaboração deste Atlas, pode consultar-se o tema O Modelo, assim como a Bibliografia nesta mesma página web.

Para onde caminha o Atlas?

O objectivo principal é melhorar a qualidade da cartografia existente, assim como produzir novos mapas derivados (evapotranspiração, por exemplo). Para aperfeiçoar os mapas podemos programar duas estratégias complementares:

1) Incremento da qualidade dos dados originais. Isto pode conseguir-se através de um aumento da largura temporal nas séries das estações (repetir os cálculos com dados de mais anos) e também aumentar o número de estações meteorológicas, estando este aspecto sub a tutela da administração.

2) Melhorar a metodologia utilizada, por exemplo, com novas técnicas de interpolação espacial ou, incorporando novas variáveis geográficas que tragam melhorias à modelação climática.


Agradecimientos

A Sergi Gumà y Núria Julià, por el trabajo realizado para convertir los mapas del Atlas al formato del Servidor de Mapas de MiraMon.

A Joan Masó (CREAF), por ser uno de los responsables del excelente Servidor/Navegador de Mapas de MiraMon y por su contribución a facilitar la implementación de nuestro Atlas en dicho entorno.

A Guadalupe Barea (BB Disseny Digital), por la maquetación del texto y el diseño, tanto de esta publicación como de la página web asociada.

A Pep Serra y Pedro Pinto por la traducción al inglés y portugués respectivamente.

Finalmente, agradecer a tres personas que nos han ofrecido sus conocimientos y sus datos durante el largo camino recorrido: Javier Martín Vide (Departament de Geografia Física i Anàlisi Geogràfica), Ángel M. Felicísimo (Departamento de Expresión Gráfica,UNEX) y Roberto Vallejo (Inventario Forestal Nacional).

 
Última actualitzación: 23 de febrero de 2006